Era comum, entre adolescentes, ter um amigo confidencial. Alguém ou algo em que pudéssemos confiar plenamente. Ali estariam passagens, momentos inesquecíveis, insubstituíveis, de uma aventurosa vida de adolescente. Tudo registrado num… diário. Isso! Um diário! Mas, e se acontecesse o contrário? E se um diário virasse O Diário e passasse a nortear as nossas vidas? Assim foi. Assim era. A década era a de 70/80. Roubava descaradamente do meu pai a página de esportes do DP, assim que o menino de bicicleta o atirava no quintal de casa. Devorava as matérias escritas por Claudemir Gomes, Everaldo Xavier… As colunas de Adonias Moura, Júlio José. Dava uma geral no caderno Viver, pra ver os filmes do Veneza, São Luís, Moderno, Ritz, Astor, Trianon e Art-Palácio. Além dos cinemas de bairro: Boa Vista, Coliseu, Eldorado, Vera Cruz, Albatroz. E pra saber o que tava rolando no hight society com, o futuro amigo, João Alberto. Papai, desconfiado, folheava, após degustar política, economia e últimas notícias no primeiro caderno, um amassado caderno de esportes e um já manuseado Viver. Com o canto dos olhos, mirava o filho, eu, que cinicamente fingia não entender o fulminante olhar. Diário de Pernambuco. Nossa história se confunde. É antiga. Quando eu tinha 10 anos, em 1975, esperei por você 24 horas, pra saber quem tinha sido o campeão pernambucano. O Jornal saia daqui de Recife pela manhã, num pinga-pinga e chegava à minha terra de coração, Santa Maria da Boa Vista, por volta das nove da noite. Só existiam quatro assinantes na cidade. Que bom! Um deles era meu primo. Diário de Pernambuco. Lá se vão 47 anos de parceria. Obrigado, querido Diário… “BREAKFAST. Café com leite, pão, ovos, laranjada, geleia, leite e… Notícias”