A gente somos inútel

A sátira do Ultrage a Rigor nunca esteve tão atualizada. A decisão de torcida única nos estádios pernambucanos é a constatação oficial da nossa incompetência na segurança pública. A pergunta é imediata e pertinente. Se não podemos domar 10, 30, 50 mil pessoas nas ruas do Recife para um evento esportivo, como poderemos controlar 500, 800, 1 milhão de pessoas no Galo da Madrugada? E o argumento de “não são torcedores e sim foliões” não se aplica. Não existe briga entre torcedores. Não há conflito nos estádios. E sim, confronto entre vândalos, marginais, nas ruas. São os integrantes das três gangues uniformizadas que transitam em liberdade nas ruas da nossa capital. Os torcedores são do bem. Pai, mãe, maridos, esposas, filhos e crianças convivem numa boa dentro dos estádios. O problema está nas ruas. Na transferência das responsabilidades. Sabemos onde acontecerão os combates e não tomamos providências para evitá-los. Parece-me surreal. Porque não identificá-los e prendê-los? Porque não proibir o acesso deles aos estádios? Qual a dificuldade nessa ação? Torcida única é paliativo. O cachorro tá fazendo xixi no poste? Muda o poste de lugar. Os marginais estão se infiltrando nas torcidas? Tira a torcida do estádio. Isso é ridículo. Incompetentes, apresentem-se. Coloquem a carapuça. Inútel. A gente somos inútel…