Normalmente é assim. Seja em relacionamentos pessoais ou profissionais. Quem tá começando, elogia. Quem tá terminando, critica. Mas os exageros têm que ser contidos nas duas situações. As bonitas palavras ditas por um treinador recém-contratado, proferidas para “ganhar” a torcida, se forem colocadas um tom acima, já deixam a impressão de falsidade e puxasaquismo. “Tô vindo prum grande clube do Nordeste, com uma torcida apaixonada. Será um privilégio pra mim. É um momento desafiador e retribuiremos com resultados já a partir do Pré-Nordestão”. Palavras de Leston Júnior na primeira declaração como novo treinador do Santa. Bem colocadas e no limite que o tom da sinceridade permite. As pesadas palavras de um treinador na saída, para justificar o insucesso do trabalho realizado, se colocadas um tom abaixo, podem selar a relação com o clube e fechar as portas para a volta dele, treinador, no futuro. “A estrutura do Santa não tem nem GPS pros jogadores. O Clube não tem um CT. Possui um campo pra treinamento que nem banco tem nos vestiários. Estou saindo com dois meses de salários atrasados…” As palavras de Roberto Fernandes foram verdadeiras, mas desnecessárias. Saíram do tom. Pra mim, deveriam ser colocadas, até em tom mais forte, se preciso, apenas no ambiente interno do clube. Internamente, seriam interpretadas como uma crítica construtiva. Expondo o Clube na mídia, deprecia-se o patrimônio, afugenta os patrocinadores, e joga a torcida contra a administração. Mesmo elogiando o Presidente, durante a declaração, muitos atribuirão a ele, a culpabilidade do conteúdo das críticas. Não teria agido assim.