Eu tinha 10 anos. Assisti ao lado do meu tio Diógenes, ao videotape na TV Educativa do RJ (aqui em Pernambuco retransmitido pela TVU) do jogo Flamengo x Santa Cruz. Não quis saber o resultado. Assisti como se fosse ao vivo. Uma atuação soberba. Uma vitória incontestável. 3×1, Santa. Mais de 70 mil flamenguistas viram Zico, Júnior e cia serem eliminados dentro do Maracanã. José Cunha locutor da TVE, tirava um sarro da situação: “Alô Carlos Froner… a vaquinha já foi pro brejo” dizia ele, narrando os instantes finais da partida. O Arruda ficou pequeno na semifinal contra o Cruzeiro. Queria ir pro jogo, mas papai achou perigoso. No entanto, empolgado com o futebol virtuoso apresentado por aquele time tricolor, prometeu me levar para a final contra o Internacional, se o Santa passasse pelo Cruzeiro. Ouvi pelo rádio, com a narração de Ivan Lima. Morava na Rua São Vicente. Na rua do Colégio Santa Catarina. Fica a dois quilômetros do estádio. Mas dava para ouvir, lá longe, o barulho da torcida enlouquecida. Sem Mazinho, o maestro do time, a equipe jogou melhor que o Cruzeiro, mas perdeu no finalzinho. Pra contextualizar vocês. O timaço de Raul, Nelinho, Piazza, Palhinha e Joãozinho, foi derrotado na final para o Internacional, em Porto Alegre, por 1×0, num jogo disputadíssimo. Gol de cabeça do zagueiro chileno Figueiroa. Mas no ano seguinte, sem apenas dois jogadores dos que estiveram no Arruda, o Cruzeiro bateu o Inter por 5×4 e, ao final, ganhou a Libertadores. É desse Cruzeiro que estou falando. 3×2. Dois vacilos do saudoso Lula Pereira na marcação sobre Palhinha. O gol da vitória cruzeirense saiu aos 46 minutos do 2º tempo. Fumanchu marcou dois gols corais de pênalti. O outro do Cruzeiro foi de Zé Carlos, num impedimento cabeludo. O Santa Cruz que jogou a semifinal: Jair (preferia Gilberto), C A Barbosa, Lula, Levir e Pedrinho; Givanildo, C A Rodrigues e Alfredo Jr (terrível); Fumanchu, Ramon e Pio. Velhos tempos, belos dias.