As filosofias continuam. Eu estava assistindo, no Sportv, uma discussão sobre a eliminação brasileira contra a Croácia. “Não tínhamos meio de campo nessa Seleção, sou da época de Gerson, Rivelino, Falcão, Ademir da Guia…” Na verdade, a Seleção de 1970 jogava com cinco pontas-de-lança, ou meias/atacantes, mais recentemente. Tanto que ela ficou conhecida como “o ataque dos cinco 10”. Jairzinho (10 no Botafogo), Gerson (10 no São Paulo), Tostão (10 no Cruzeiro), Pelé (10 no Santos) e Rivelino (10 no Corinthians. Na escalação, os repórteres divulgavam um 4-2-4: Félix, Torres, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo e Gerson; Jair, Tostão, Pelé e Rivelino. Ou seja, o único armador do time era Gerson. Os demais priorizavam o ataque. Por isso Clodoaldo e os “cinco 10”, todos marcaram gols na Copa. Sendo que Jairzinho fez gol em todos os jogos. Ou seja, tentar justificar a derrota nos pênaltis para a Croácia, pela ausência de um homem no meio de campo é buscar cabelo em cabeça de prego. O Brasil criou várias oportunidades no segundo tempo. O goleiro Livakocic foi um dos melhores do jogo. “Na última vez que fomos para as semifinais, tomamos 10 gols”, foi dito. Um 7×1 fora da curva e o complemento da frustração contra uma motivada Holanda. “Desde 2006, são quatro desclassificações para as equipes europeias”. Perdemos em 86 também. Aliás, só perdemos em quartas para seleções europeias. Em 1954, perdemos para Hungria. Só que, dessas seleções que nos desclassificaram, só a França conquistou título. Contra a Hungria, em 54, na “Batalha de Berna”, os húngaros venceram num jogo equilibrado. Contra a Holanda, Bélgica e Croácia, o Brasil jogou melhor. Isso é futebol. O resto, as teses sobre histórico, reformulação, os dez gols sofridos em 2014, é tudo filosofia barata. Disputa pra ter palavras e ideias diferentes, provocar mudanças e achar os culpados. Esses comentaristas pós-jogos e os seus conceitos indefensáveis.