Sob todos os aspectos. Sob todos os ângulos. Sob o maior acolhimento e o carinho que uma torcida já passou na história do futebol pernambucano. Sem xingamento. Sem agressões verbais. Sem críticas pessoais. “Foi inacreditável e ficará na história do clube”. Palavras do dono do jogo. Vágner Love. Lembrei-me dos jogos escolares na década de 80. Nóbrega, Salesiano, São Luís, Damas, Marista, São Bento, Boa Viagem, Santa Maria… durante uma semana, por volta do mês de outubro, as torcidas, crianças, adolescentes, enfim, alunas e alunos, enchiam as quadras dos principais colégios pra cantar, defender sua escola, gritar (e que agudos alcançavam), vibrar, TORCER! O substantivo torcida deriva do verbo torcer. Esse é o seu papel. Xingar, depreciar, sacudir objetos, invadir gramado… agredir! Não é isso. Isso é a distorção dos problemas sociais e do estresse diário, que se transformou em “direito do pseudo torcedor”. Havia limites. Uma relativa educação, uma noção mais lúcida sobre os direitos e deveres do torcedor. Até os marginais invadirem o futebol. Oriundos dos bailes funks da periferia (reprimidos pela polícia) eles se bandearam para três torcidas uniformizadas e levaram o terror para os estádios e arredores deles. Nesse sábado, 20/05/2023, pela primeira vez em Pernambuco, somente mulheres, crianças e pessoas com deficiência, puderam adentrar um estádio de futebol. E que exemplo deram. Que lição de moral passaram. Aplicaram uma tapa de luva de pelica nos marmanjos que, ao invés de comparecerem aos estádios para incentivar e torcer, passaram a assistir aos jogos para extravasar problemas, esculhambar jogadores, dirigentes e até componentes da imprensa. Tô falando de uma minoria. A grande maioria, tem bom senso. E eu tô me referindo, agora, a torcedores. E não aos marginais. Foi emocionante ver, constatar, apesar do péssimo primeiro tempo do time (um dos piores do ano na análise do próprio Enderson Moreira), o apoio incondicional à equipe leonina. A preleção do intervalo basicamente foi: voltem lá e retribuam o carinho e o amor que elas, mulheres e crianças, repassaram pra vocês. Enderson não precisou dizer mais nada. Os caras voltaram transformados e empolgados num Sport focado em devolver carinho. Afeto. Devolver o amor derramado no gramado pelas 18.233 pessoas presentes. O comandante dessa ação, que marcou os dois gols rubro-negros da segunda etapa, não poderia ter codinome mais representativo: Love. Vágner Love. Inesquecível!